Sou uma ilha no meio do nada domingo, 27 de abril de 2008
Sou uma ilha no meio do nada
Sou uma ilha no meio do nada sábado, 26 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
A cama está fria - Terceira Parte
Passaram três semanas desde que pisei a última vez esta casa.
Da última vez que cá entrei foi apenas para vir buscar uma mala com roupa. Desde que saí que estou em casa dos meus pais... mais uma vez em casa dos meus pais. Tive de explicar porque voltei de forma tão abrupta para casa. Como se explica aos pais que nos apaixonamos por alguém que não nos merece? E que nos queria tornar na outra?
Pois... Não se explica.
Na primeira noite dormi em casa de uma amiga que me acolheu sem perguntas. Depois fui buscar a minha roupa e voltei para casa... Não falei com os meus pais nem com o meu irmão... eles perceberam que precisava de tempo...
E ainda não me fizeram perguntas... Mas já os ouvi a falar, e vejo nos seus olhos... Eles percebem que algo não está bem.
Voltei agora... três semanas depois para vir buscar as minhas coisas e mudar-me definitivamente para casa dos meus pais. Estou cansada. Saio às 6h de casa para poder chegar ao trabalho a horas. E chego quase às 22h a casa... Mas prefiro isso a voltar a entrar a dar de caras com o Tiago... Não sei o que farei quando o encontrar... Cada vez que penso nele sinto o sangue ferver nas minhas veias! Só penso que raio de amor era aquele, afinal só me “queria”... Mas oficializar não. Para quê? Tinha tudo o que queria sem ter chatisses.
Sei bem que eu tivesse cedido ia ser enrolada e ludibriada... Não estou para isso.
Abri a porta com alguma apreensão mas depois respirei fundo e sorri... a esta hora ele está no trabalho. Entrei sem qualquer receio. Fechei a porta e dirigi-me directamente ao meu quarto. Conforme lá entrei dei de caras com o Tiago sentado na minha cama... Pareceu-me que nem três minutos tinham passado quanto mais três semanas! Tinha a toalha na mão, os olhos vermelhos e a barba por fazer.
Fez-me impressão... Eu não estava bem mas de qualquer das formas estava apresentável. Guardava as minhas lágrimas para a minha melhor confidente: a minha almofada.
Não soube o que dizer, nem o que fazer... Ele pareceu-me tão vulnerável. Mas sei que não posso ser fraca agora. Senão vou ceder.
“Vim buscar as minhas coisas” digo evitando olhar nos olhos de Tiago. Tem uns olhos castanhos nos quais me posso perder... E eu não quero, não posso... não devo.
Ele não diz nada. Apenas olha para mim. Deve pensar que eu sou uma cobarde para nem sequer o olhar nos olhos. Vou até ao escritório onde sei haver caixotes vazios. Pego em alguns na esperança que ele tenha saído do quarto. Quando regresso ao quarto ele ainda lá está, imóvel, com os olhos fixos como se eu não tivesse saído do mesmo lugar.
Tento ignorar e começo a colocar o resto das minhas roupas e objectos pessoais indiscriminadamente nas caixas.
“Ela está grávida” a voz não é mais que um sussurro. “E tenho de me casar com ela” a voz é inexpressiva. Parece-me que ele nem me vê. Está apenas a desabafar toda a dor que tem no peito. Tenho pena dele, e arrependo-me porque sei que a pena é o pior sentimento que alguém pode ter. Tento ignorar as palavras mas cada uma delas me atinge no mais íntimo do meu ser como lâminas que me dilaceram lentamente por dentro. Compromisso, gravidez e agora casamento... O que restava do meu coração desfragmenta-se. Continuo a encaixotar mecanicamente os meus pertences. “A família dela é tradicional e não querem um bastardo na família” Um sorriso irónico que longe de lhe alegrar a cara cada vez a deixa mais desumana, surreal.
Tento bloquear a sua voz, tento esquecer este homem que tanto amo, tento esquecer tudo... Não posso permitir que isto me atinja, não posso!
Tiago continua durante todo o tempo que lá estou a falar... Fala para ninguém, pois acho sinceramente que ele não me vê. Fala para purgar a dor que tem no peito, sem se aperceber que está na realidade a transferir a dor dele para mim.
Porque vim hoje cá? Oh Deus, porquê?
Apresso-me a arrumar tudo mas quanto mais depressa quero trabalhar mais me parece que as mãos estão trôpegas e sem conseguir pegar nas coisas. Deixo cair roupa, não consigo inserir os objectos nas caixas, encho-as de tal maneira que não as consigo fechar. Tudo na ânsia de sair dali o mais depressa possível! Ainda pensei voltar noutro dia mas de que serviria? Afinal já ouvi...
Finalmente termino! Empilho as caixas e carrego-as à vez para a porta. Fecho-a sem olhar para trás e sem dizer nada. O Tiago continua a falar, sozinho, para o nada. É a última imagem com que fico dele.
***
A carta é anunciada pela voz estridente da minha mãe antes do pequeno-almoço. Finalmente encontrei outro emprego mais perto e por isso evito tantas horas ao volante todos os dias.
Pouso a torrada de sobrolho franzido enquanto vejo a minha mãe abrir o envelope.
“É do Tiaguinho! Que será feito desse moço? Não tens sabido nada dele Leonor?”
Grunho qualquer coisa e mordisco a torrada para evitar responder. O meu irmão olha de lado para mim. Apesar de ter casa própria passa mais tempo cá que lá. O emprego trouxe-o de volta a casa e para não conduzir quando sai mais tarde prefere ficar por cá a dormir.
“Uma carta? Mas aquele homem regrediu no tempo? Nunca ouviu falar de telemóvel nem de e-mail?” O meu irmão levanta-se da mesa e coloca a chávena de café no lava loiças. “O que é que esse caramelo quer, mãe?”
“Ai meu Deus que é um convite de casamento! O Tiago vai casar no verão, e está a convidar a família toda!”
“Eu não posso” as palavras atropelam-se pela boca fora. “Não posso ir”
“Como sabes? Ainda nem te disse a data e além do mais não trabalhas aos sábados. Vai a família toda claro! Afinal o Tiago é como se fosse um membro da família”
A sentença está lida. Tenho de ir, a menos que revele a todos o porquê de não querer. E prefiro morrer a dizer que amo alguém que não merece.
***
Chega finalmente o fatídico dia. O sol aquece-me por fora e apesar de saber que estou perfeita por fora por dentro estou nervosa, magoada. Sinto-me uma mártir que se entrega à tortura. Cheguei para assistir ao triunfo do meu inimigo.
A leve brisa brinca com o tecido do meu vestido. Uso um vestido mais recatado propositadamente. Não quero que me acusem de nada.
Dei uma desculpa que me permitiu não assistir a recepção em casa do noivo. Uma pequena mentira sobre um projecto que tinha de entregar sem falta no trabalho exactamente à hora da recepção e que lhe iria ocupar algumas horas foi a desculpa perfeita. Chegou à Igreja ao mesmo tempo que os convidados da noiva e perdeu-se na multidão. Ficou num canto na semi-obscuridade e observou a cerimónia toda em silêncio. Viu a barriga que a noiva exibia orgulhosamente e o olhar apático de Tiago, que parecia preferir estar bem longe dali.
Um sentimento de ódio fez com que um sorriso lhe aflorasse nos lábios... Ele merecia tudo o que estava a sofrer. Tinha enganado a noiva sabe Deus quantas vezes... Com ela duas mas quantas mais! Quando acabaram os votos matrimoniais saiu da igreja para evitar o rebuliço que se seguiria e as lágrimas de ocasião. Fazia-lhe mal ver as lágrimas forçadas e os lenços... tudo esquematizado, porque tinha de ser assim.
Estava abrigada debaixo de uma árvore quando os pais a encontraram. Explicou que chegou mais tarde e que por isso ficou no fundo da capela para não incomodar. Os meus pais queriam ir cumprimenta-lo mas a mim só me apetecia ir para casa. Finalmente chegou a altura. A minha mãe, firmemente de braço dado ao meu pai encaminhou-se aos noivos, depois de nos dizer com o olhar que os seguíssemos. O meu irmão pegou na minha mão e lá fomos, para a confusão de abraços, beijos e felicitações. Sorria com vontade de chorar, apertava a mão do meu irmão como se fosse o meu porto de abrigo. Queria fugir, começar a correr e não parar mais. Sair dali rapidamente. Não me preocupar com as convenções e o politicamente correcto. Correr. Apenas isso.
Seguiu-se um chorrilho de felicitações que ninguém sentia de facto “Felicidades! Espero que sejam muito felizes! Já mereciam!” coisas que se dizem e não se sentem. E por algum motivo essas futilidades não me saíam. Conforme o Tiago me viu foi como se alguém lhe tivesse batido.
“Que fazes aqui”, perguntou em surdina enquanto me beijava no rosto.
“Convidaste-me”, respondi no mesmo tom passando à noiva.
As restantes horas foram um misto de dor e sofrimento. Evitava olhar para a mesa dos noivos e arrepiava-me de cada vez que ouvia o tilintar dos talheres nos copos. Horas e horas em que não vi mais que o meu prato. Nem ouvia os comentários dos meus pais... Apenas sentia os olhares deles cravados em mim. Sentia a preocupação do meu irmão e a desaprovação dos meus pais. E assim se passou todo o processo de fotos e o almoço.
Mas o pior da tarde estava ainda para vir.
Com o fim do almoço abriu-se a pista de dança e antes que me desse conta estava na pista a dançar primeiro com o meu irmão e depois com o meu pai. Depois dancei com vários rapazes que nem conhecia... e numa das trocas acabei em frente ao Tiago. Ficamos a olhar um para o outro. Sei que foram apenas milésimas de segundo mas pareceram-me intermináveis minutos. E depois ele abraçou-me...
Senti-o suspirar contra mim, como se nos meus braços encontrasse finalmente o que de facto precisava. Roçou imperceptivelmente a cara no meu cabelo e estreitou-me mais nos seus braços. Senti o seu coração junto ao meu, a bater ao mesmo ritmo, como se fosse só um. As nossas pernas estavam entrelaçadas. Sentia-me cravar as unhas no casaco dele, e enquanto rodopiávamos na pista as nossas respirações ficavam mais e mais ofegantes. Na minha mente tinha flashes da nossa primeira noite, sentia os lábios inchados como se ele mos tivesse beijado naquele momento, sentia novamente todas as carícias e todo o prazer que me tinha proporcionado, apesar de estarmos apenas a dançar. E sei que ele sentia o mesmo. A música terminou e com ela veio um gemido simultâneo. Afastamo-nos e olhamos nos olhos um do outro.
E depois, mais uma vez, virei costas e saí do salão.
Dirigi até casa e deitei-me sem pensar em mais nada. Sentia que um capitulo da minha vida estava finalmente acabado.
A minha cama continua fria, continuo sem ninguém a meu lado, mas sei que estes momentos por mais efémeros que tenham sido valeram por todas as minhas anteriores relações. Nesta dança fiz as pazes comigo e contigo também.
Espero que sejas feliz. Tens uma filha e uma mulher que te adoram. Aprende a aproveitar.
Espero que a tua cama nunca fique fria como está a minha.
domingo, 20 de abril de 2008
Beija-me
Finalmente!
Apareceu o meu Sol!
Espreitou timidamente e iluminou o meu rosto.
Os seus raios abraçaram-me e aqueceram-me o coração...
O Sol.
O meu Sol.
Apesar de toda a chuva, do ameaçador vento, apesar de todas as intempérides do mundo, o meu Sol vai sempre conseguir romper e os seus raios vão encontrar-me sempre à espera.
As nuvens podem vir!
Venham os trovões e a chuva!
Tudo isso passa, e o meu Sol vai ficar.
O meu Sol fica porque é mais forte que tudo. E cada raio que me toca me dá forças para seguir em frente mais um dia. Passo a passo. Construindo o meu camiho rumo à felicidade.
Não tenho medo. Porque o meu Sol nunca se apagará.
Contra tudo e contra todos.
Eu e o meu Sol.
Um caminho que tenho de percorrer.
Sem medos porque estás comigo.
TM 20/04/2008
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Desespero
Lágrima
Uma lágrima solitária percorre o meu rosto.
Cai dos olhos verdes e percorre o nariz e desliza pela face contrária até se perder na brancura da almofada comprimida contra o meu rosto.
Uma lágrima silenciosa.
Uma minúscula gota que carrega uma enorme dor, a dor de desistir, a dor da rendição.
Choro porque sei que não tenho mais forças para batalhar. Porque estou farta de lutar, falhar, cair e ter de me levantar. Desta vez caí e os meus joelhos não respondem ao que o meu cérebro ordena.
Sinto um tumulto de sensações no meu peito... e a única coisa que sai é esta lágrima.
Embora grite, urre por dentro os meus lábios estão cerrados.
Embora sinta a o coração despedaçado, a alma rasgada como se folha de papel fosse, embora sinta mais dor que alguma vez senti apenas esta pequena lágrima cai dos meus olhos.
Mais do que amar quero ser amada!
Necessito de ser amada...
Fui traída, trocada, ofendida por todos aqueles em quem confiava. Acusam-me do que não fiz, não reconhecem as minhas batalhas, desconhecem as minhas vitórias...
Estou farta!
Não quero mais chorar! Mas ao mesmo tempo não tenho forças para resistir.
Perdi.
A prova disso?
É esta pequena lágrima que cai pelos meus olhos e desliza pelo meu rosto.
Acabou.
Perdi. E nunca irei ganhar.
TM 18/04/2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
A cama está fria - Segunda Parte
Abro os olhos e observo o tecto do quarto.
Sinto-me vazia, sem vida mas não percebo porquê.
Tenho os olhos pesados e doridos, a almofada ainda está húmida. Terei Chorado até adormecer?
De repente as dolorosas memórias da noite anterior assaltam-me a mente.
Como pode algo tão lindo, tão perfeito, causar tanta dor? Quero desaparecer e esquecer-me que algum dia ganhei a coragem de dar o passo. Por momentos pensei que estávamos em sintonia! Real sintonia daquela que só há nos livros... Devia saber que coisas assim não acontecem a pessoas como eu.
Vergonha...
Mas vergonha de quê? De ter tido coragem de assumir o que sinto? De ter pensado que finalmente a vida me sorria?
Sorrio e abano a cabeça.
Um sorriso sem alegria, um sorriso de desespero.
Levanto-me lentamente e noto que apesar de ter estado parte da noite na minha cama ela continua fria, gelada. Também eu estou fria, como se o calor do meu corpo se tivesse perdido quando me separei dele.
Vou até à casa de banho onde espero que um duche rápido me refaça do choque.
O reflexo do espelho mostra um rosto pálido, sem brilho, olhos vermelhos e inchados, olheiras profundas... Nem pareço eu.
A água quente relaxa-me e devolve-me um pouco do calor que pareço ter perdido. Faço o ritual de todos os dias. Limpo cada parte do meu corpo e passo a loção. É algo que já faço mecanicamente. Mas noto que tenho o corpo mais sensível. Tenho marcas da noite fantástica que passei... Fantástica até ao último segundo claro. Novas lembranças me assaltam pela segunda vez. Mas desta vez não sinto a humilhação da rejeição mas o prazer do toque. Sinto-me corar, sinto-me estúpida por ainda sentir o mesmo amor apesar de tudo, sinto-me excitada um vez mais.
Respiro fundo e afasto os pensamentos. Tento não pensar em nada enquanto visto o robe e sai da casa de banho. Tenho a toalha na mão e vou esfregando vigorosamente o cabelo para o secar. O instinto alerta-me que não estou só. Levanto os olhos e vejo o homem que me atormenta os pensamentos sentado na minha cama.
Também ele tem olheiras e a barba incipiente demonstram que não deve ter dormido. Suspeito que tenha abandonado não só o quarto mas tambéms a casa. Claro que nem me apercebi, de tão atordoada que estava.
"Temos de falar" diz brevemente sem levantar o olhar.
Todos os sentimentos se convertem em fúria! Ele é que procede mal, tem uma atitude no mínimo estranha e depois nem tem a decência de me olhar nos olhos?
"Falar? Parece-me que ontem foi tudo muito claro" não consigo evitar que a voz trema. Sei que ele nota a minha mágoa, sei que nota o meu ressentimento. De estranhar seria que não o notasse! Afinal moramos juntos há meses e conhecemo-nos há anos...
"Sei que estás magoada..."
"Não! Tu não sabes nada! Enganaste-me e era a única coisa que não esperava de ti... Sabes que não sou uma rapariga de ter casos de uma noite só! Aproveitaste-te de mim, Tiago, e isso nunca te vou perdoar..."
Todas as lágrimas que não chorei ontem acumulam-se nos olhos. Sinto as faces coradas mas desta vez não é devido às caricias experientes, é devido a raiva que sinto no meu peito! Sinto-me explodir por dentro e só me apetece ter uma atitude irreflectida e esbofeteá-lo! Mas sei que não iria resolver nada, apesar de me fazer sentir melhor... Possivelmente.
"Nôno, tu não sabes o sufoco que passei! Sempre gostei de ti, mas eras uma miúda! A irmã do meu melhor amigo" olho com incredulidade. No fundo do meu coração queria acreditar nas palavras que me dizia, mas o senso comum alertava-me. Sei que os homensdizem tudo para manter a cama quente. "Quando disseste que te ias mudar para aqui, nem acreditei! Pensei sinceramente que não podia ter tanta sorte. Vieste. Não como a irmã do meu melhor amigo, mas como uma jovem mulher que se tornou na minha melhor amiga. Compreendes porque nunca disse nada? Não queria perder o que temos, ou tínhamos, nem sei..."
Levanta os olhosque, vejo agora, estáo marejados com lágrimas. Será verdade? Arrisco-me a acreditar?
"Não faz sentido... nunca demonstraste nada"
"Claro! Eras uma criança quando te conheci, continuavas uma menina quando vieste para aqui... Mas sempre te amei Leonor, sempre!"
Uma pequena réstia de esperança volta a acender-se no meu peito. Será possivel? Terá sido um mal entendido? Apetece-me lançar-me nos braços dele para recuperar novamente o calor do meu corpo. Mas preciso de ouvir tudo.
"Então porque me rejeitaste?" reparo que continuo com a toalha encostada ao cabelo. Dobro-a e encosto-a ao peito como se fosse um escudo protector. "Se me amas como dizes, não entendo o que se passou ontem... Foi tudo tão perfeito, tão bom..."
"Eu..." o suspiro de frustração apaga a chama dentro de mim. Algo não está bem, sei-o agora mas desconfio que sempre soube, desde que o vi sentado na cama do meu quarto. "Nôno eu envolvi-me com outra pessoa... Claro que te amo a ti e é contigo que quero estar. Compreende que agora que sei que também sentes o mesmo por mim eu vou rectificar a situação. É contigo que quero estar, se tu também quiseres. Quero que sejas minha como foste ontem e ter-te junto a mim" Levanta-se da cama e chega até mim. Pega na minha mão e beija-me os dedos suavemente. A sua voz não é mais que uma carícia "Quero-te"
Não sei como mas a toalha que já poucos segundos agarrava contra o meu peito como se da minha propria vida se trata-se caiu-me aos pés. Estava novamente nos braços dele e rapidamente voltei a sentir o fogo dentro de mim. Cada beijo me enlouquecia mais e mais, cada caricia, cada suspiro. Não conseguia pensar, não podia respirar, era demais.
Oh como eu amo este homem! Sentir as suas mãos que me abrem tão agilmente o robe e tocam a minha pele núa outra vez. sinto as mãos a percorrerem-me os seios e que são substituidas pela língua ávida de desejo, que me acariciam a ponto da loucura. Sinto como os dedos ágeis me separam as pernas e me levam a novo cumo de prazer mas sinto-me estrenhamente lúcida.
"Não"
A palavra é apenas sussurrada mas consigo encontrar forças para o empurrar.
"Não?" a incredulidade misturada com o golpe no ego masculino "Que queres dizer com não?"
"Quero dizer apenas que ontem não sabia que eras comprometido" disse enquanto fechava o robe "Mas hoje sei... e se fazes isso com a tua actual companheira, que confiança vou ter em ti no futuro? Como vou saber que não me vais trair se encontrares 'outra' Leonor?" Abanei a cabeça ao ver a incredulidade no olhar "Esquece! Eu não sou assim."
Ignorei a presença dele, que pelos vistos ficou sem reacção. Tirei roupa do meu armário e vesti-me como se estivesse só. Sai do quarto sem olhar para trás.
Continuo com a minha cama frio, mas a dignidade intacta.
TM 14/04/2008
sexta-feira, 11 de abril de 2008
A cama está fria
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Adeus
A escuridão envolve-a lentamente.
Estende a mão e tenta em vão perceber os contornos dos seus dedos. É uma sensação estranha pois ela sabe que os dedos estão lá, tem consciência que os dedos existem, sente-os, mas não os consegue ver.Na sua mente passam teorias fantásticas e relações absurdas entre os seus dedos “invisíveis” e os sentimentos da humanidade. Orgulha-se de ter filosofias próprias e de ser uma menina inteligente.
Mas num segundo tudo se transforma e em vez de pensar nos sentimentos dos outros pensa nela própria. Sente-se invisível, não só por causa do crepúsculo que se adensava cada vez mais, mas transparente para o mundo. “Se eu desaparecer quem notará a minha falta?” A questão surge vinda do seu cérebro e o sentimento de leve alegria transforma-se em pânico. Sente-se só, abandonada, esquecida por todos.
De repente sente uma mão sobre a sua. “Não estou só”, pensa enquanto sente o seu coração serenar. Ao início não é mais que uma sua pressão, uma carícia que poderia ser o vento a soprar com mais força mas vento nenhum tem um tocar tão doce.Como é bom aquele toque, como a faz sentir bem. E o que parecia um escuro opressivo volta a ser a agradável escuridão. Ela abraça o desconhecido. Quer saber se há mais além daquela mão suave. Sente o toque e toca também. Inicia-se uma guerra dos corpos que ninguém quer vencer, uma guerra das almas que tentam descobrir, dar e receber, uma fusão das mentes que não se conhecem. Entrega-se ao desconhecido e deixa-se levar.
De repente o golpe surge, seguindo-se outro e ainda mais outro. Os espasmos de êxtase são substituídos por um sentimento novo… o sabor metálico nos lábios são um indicio de que algo está mal. Sente-se fria, mais uma vez abandonada e ouve os passos que se afastam rapidamente.
A escuridão envolve-a lentamente… mas desta vez não é o suave crepúsculo que se adensa, é a luz dos seus olhos que deixa de se ver.
Nem tudo o que é desconhecido é bom… Agora podes voar mais alto que os pássaros! Estica as tuas asas de anjo e voa… finalmente és livre. Sê feliz…
TM 04/04/2008
