sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Frio

Tenho frio.
Um tipo de frio que me incapacita o corpo,
E me debilita a alma.
Um frio que me corrói,
Destrói.
Frio que simplesmente não desaparece.
Tenho frio.
E apesar de não me conseguir mexer,
De estar inactiva
Estou dolorosamente alerta,
Desperta.
Sinto cada lasca de frio no meu ser.
Tenho frio.
Quero enlouquecidamente mudar!
Ficar mais quente,
Ser como um sol de Inverno
Eterno.
Aquecer até me tornar fogo.
Tenho frio.
Como se de gelo fosse feita,
Água gelada nas veias
Ao invés do sangue rico e morno.
Transtorno!
Sinto-me morta, sem réstia de vida.
Tenho frio.
E as forças escasseiam para o combater.
Quero apenas poder desistir.
Sucumbir.
Fechar os olhos e deixar o tormento acabar.
Está frio.
Frio.
Não te consigo vencer.


TM – Lost
16-9-11

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E se?

E se eu morrer, neste momento,
Quem iria notar?
Quem iria ver que desapareci?
Será que iriam chorar?
Ou nem sequer comentar…
Quem iria saber que a minha vida findou?
Que o meu corpo já não está quente,
Que nunca mais me verão sorrir?
Pensariam que tinha decidido partir?
E se eu partir, agora,
Alguém me impediria?
Ou deixar-me-iam seguir em frente
Sem qualquer barreira ou obstáculo,
Pensariam ser parte de um espectáculo?
Um grito por atenção…
Iria alguém pensar
Que talvez não tivesse partido!
E se eu tivesse de facto morrido?
Será que se iriam preocupar comigo?
Alguém me procuraria?
Haveria lágrimas e gritos de dor?
Fariam luto por amor?
E se ninguém me procurar,
Ou sequer pensar em mim?
Serei assim tão fácil de esquecer?
Será possível apenas desaparecer
Sem que ninguém note que já não sou?
Quanto tempo passaria até que me notem
Como ausente da vida alheia.
E recriminar-me-iam pela minha ausência?
Triste ironia,
Tal sorte para mim seria
Mais do que pensei desejar.
E se, na verdade, não quiser
Descobrir a resposta a estas questões?
E se tiver medo de ver que posso desaparecer
Sem que ninguém me vá procurar?
E se isso me impedir de andar?
Se a dor se tornar incapacitante e atroz,
Encontrarei a minha própria voz,
Força e coragem para seguir me caminho por mim?
E se eu viver, o momento?
Serei então egoísta, ou humana?
Não me interessam todos os “ses” da vida,
E se o destino me encontrar
Não interessa o que me queira,
Estarei cá para o saudar
E me tornar sua companheira.


TM – Searching my soul for answers
15-9-11

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sombras_4ª Parte (o fim)

Nas sombras da tua vida te espero.
Calmamente, sem pressas
Pois sei que um dia virás até mim.
Não que não tenhas alternativa,
Mas porquê lutar?
Porquê resistir a quem te quer
Com tanta intensidade que chega a raiar a loucura…
Não faz sentido, pois não?
Espero por isso na escuridão,
Nas vielas obscuras que cercam o teu coração
Aguardo que a oportunidade chegue.
E sei que vai chegar.
Sei com toda a certeza do meu ser,
Porque não tens como recusar que eu,
Sim eu!, sou a pessoa certa para ti.
Não lutes contra o que é natural sentires,
Procura-me nas sombras da tua alma
E encontra o caminho para a vida.
Liberta-te das correntes que te impedem de ser!
Liberta-me da angústia de não te ter…
Espero por ti nos recantos do teu olhar,
Espero por ti enquanto recordo e antecipo
Tudo o que poderá ser a nossa vida.
Tu és certo para mim
E eu posso ser o que tu precisas.
Aceita-me! Ama-me! Não me renegues…
Toda a minha existência esperei por ti,
Por este momento, por esta sensação.
Dá-me a tua mão.
Abre os olhos e vê para além da escuridão.
Conhece-me como te conheces a ti.
Espero-te nas sombras.
Nas sombras aguardo por ti.
Vem,
Abre o teu coração e deixa-me entrar.
Junta-te a mim nas sombras,
Nada tens a recear.


TM – In the Shadows of Despair
14-9-2011

Confissões num Quarto Escuro_3ª Parte

Pouso a espada no chão do meu quarto,
Observo as formas dispersas que vagueiam pela janela.
São os meus medos!
Estão no exterior de mim, tentando encontrar forma de me invadir!
Mas não deixo, não lhes permito!
Regressei de mais uma batalha pelo domínio de quem sou,
Uma guerra onde todos me querem ferir,
Onde a morte é uma aliada poderosa do tempo que já passou.
Destrocei os meus medos! Com a espada da minha fé,
Com a esperança do meu amor eterno,
Com a convicção de tudo o que pode ser, que ainda é!
Refugio-me no meu quarto, extenuada, exausta.
Uma pálida sombra da luz que me fez florir.
Olho através da janela do meu coração para o mundo.
Vejo insegurança.
Receios e ansiedade.
Não quero mais! Recuso-me a ficar assim!
Não mais me esconderei no fundo!
Ergo a minha cabeça, exijo o controlo da minha vida!
Eu decido por mim.
Eu!
Retornam a mim as forças perdidas na batalha.
Apanho a minha espada e limpo as marcas dos medos vencidos.
Já não me podem afectar. Nunca mais.
Estou pronta para eliminar tudo o que me atrapalha.
O meu coração é a minha força, a minha armadura.
A minha mente é a minha espada.
Regresso à batalha pelo controlo da minha vida.
Vou garantir que o meu espírito perdura
E que nada me consegue afectar.
Vou conseguir.
Vou vencer.
Vou amar.


TM – In the room of despair
13-9-11

Desespero_2ª Parte

O sangue escorre pelos meus dedos,
Rico, húmido, quente.
Uma sensação tão diferente!
A libertação de toda a minha dor.
Um ruído surdo quebrou a serenidade do quarto,
Um som que não corresponde à acção
Mas que não me prende a atenção,
Por ter o meu corpo num estado de torpor.
Sinto-me poderosa
Dona de mim, senhora
Deixo de ser apenas a eterna sonhadora
E agora as rédeas do meu destino.
Não tenho medo de sonhar,
Porque agora sei que posso conseguir
Tudo o que deseje perseguir!
Sem medo de não me ser permitido.
Sou apenas eu contra o mundo!
Uma guerreira de mãos benzidas
Como os meus antepassados noutras vidas
Olhando nos olhos dos meu inimigos.
E com a força do meu gesto
Vem a noite calma para me embalar
Com o sussurro das ondas do mar
E o cheiro do mil flores sobre mim
Abraço o descanso por fim
Que durante tanto tempo quis e desejei
Mas que por medo nunca alcancei
E que agora vem até ao meu leito.
Nos alvos lençóis da minha vida
Recosto o meu corpo mulher
Deixo a paz por mim percorrer
E alojar-se no meu coração sarado.
Fecho os olhos e beijo a luz
Permito-me adormecer
Deixar tudo e esquecer
Qual guerreira após longa batalha.
Olá noite, olá escuridão, olá calma.
Saúdo-vos como amiga, como companheira
Não sou a única nem a primeira
Que em vós vem repousar.
Agradeço-vos a honra de aqui permanecer,
Agora vou desligar os meus medos,
Esquecer todos os enredos,
Não ver o sangue e sonhar.


TM – Alone on an empty space
12-9-11

Reflexões_1ª Parte

Sinto-me distante de tudo.
Desconectada do mundo,
Como se estivesse no fundo
De um poço de desespero.
Sem esperança, sem vida.
Completamente desesperada
Como se não tivesse nada
Que ao mundo me pudesse prender!
Um animal ferido
Que todos vêem e ignoram!
Sem perceber que os seus olhos choram
Lágrimas de horror sem igual…
Só, abandonada, ignorada;
Presa numa espiral sem fim,
Perdida dentro de mim
Sem voz ou força para me salvar.
Quem me estenderá a mão?
Quem virá para me erguer,
Para me ensinar a compreender
As lições que a vida me dá?
Desejo ardentemente a esperança!
Desejo que o medo termine
E que tudo isto me ensine
A nunca os braços baixar.


TM – somewhere, laying in the Dark.
1-9-11