quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Desespero_2ª Parte

O sangue escorre pelos meus dedos,
Rico, húmido, quente.
Uma sensação tão diferente!
A libertação de toda a minha dor.
Um ruído surdo quebrou a serenidade do quarto,
Um som que não corresponde à acção
Mas que não me prende a atenção,
Por ter o meu corpo num estado de torpor.
Sinto-me poderosa
Dona de mim, senhora
Deixo de ser apenas a eterna sonhadora
E agora as rédeas do meu destino.
Não tenho medo de sonhar,
Porque agora sei que posso conseguir
Tudo o que deseje perseguir!
Sem medo de não me ser permitido.
Sou apenas eu contra o mundo!
Uma guerreira de mãos benzidas
Como os meus antepassados noutras vidas
Olhando nos olhos dos meu inimigos.
E com a força do meu gesto
Vem a noite calma para me embalar
Com o sussurro das ondas do mar
E o cheiro do mil flores sobre mim
Abraço o descanso por fim
Que durante tanto tempo quis e desejei
Mas que por medo nunca alcancei
E que agora vem até ao meu leito.
Nos alvos lençóis da minha vida
Recosto o meu corpo mulher
Deixo a paz por mim percorrer
E alojar-se no meu coração sarado.
Fecho os olhos e beijo a luz
Permito-me adormecer
Deixar tudo e esquecer
Qual guerreira após longa batalha.
Olá noite, olá escuridão, olá calma.
Saúdo-vos como amiga, como companheira
Não sou a única nem a primeira
Que em vós vem repousar.
Agradeço-vos a honra de aqui permanecer,
Agora vou desligar os meus medos,
Esquecer todos os enredos,
Não ver o sangue e sonhar.


TM – Alone on an empty space
12-9-11

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